sábado, 25 de julho de 2015

O Cabrito

O Cabrito.

Em todas as cidades do Brasil, sempre vislumbramos figuras exóticas, estranhas, populares, fanfarronas e por ultimo, os eternos gozadores, que fazem blague com qualquer coisa, dependendo da hora, inventam!!!

Este causo, envolve uma trupe de desocupados, que vez por outra, fazia algum incauto andar léguas, infrutiferamente, atrás de um cabrito imaginário.
A historia iniciou com algum senso de realidade. Antigo morador do Bairro Presidente, nos arredores do Hospital e Campo do Tijuco, cismou de criar bodes, cabritos etc., com um detalhe: os animais ficavam soltos e perambulando pelas ruas do bairro, e vez por outra, desaparecia um, sempre antes de um coletivo churrasco.
Certa feita, por gozação, Manoel do Brejo, disse a turma do Bar Serenata, sentindo a presença de um estrangeiro (qualquer pessoa que não fosse Diamantinense): Gente, não sei o que fazer com um danado de um cabrito que tenho La em casa, já comeu todas as rosas da minha esposa, rasgou a roupa das crianças que ficavam no varal, suja o quintal todo, enfim, desfiava um rosário de lamurias e dizia mais: pior que nem posso fazer churrasco do bicho, porque minha esposa não deixa, tem pena do bichinho.
O estrangeiro, observando a conversa, disse: posso lhe ajudar companheiro, caso queira, fico com o dito animal, faço um belo churrasco do danado.
O Mané do Brejo, com semblante aliviado e satisfeito, logo ia dizendo: é seu, que alivio encontrar uma pessoa para doar este cabrito. Só tem um detalhe, hoje bem cedinho, pedi ao Tomé da Palha, para guardar o bicho La no pasto dele, na saída para Curralinho.
O estrangeiro, agraciado com o cabrito, municiava-se de corda, e rumava para o bar do Tomé na Palha, uns 3 quilômetros do centro da cidade. Lá chegando, ia logo dizendo: Cadê meu cabrito? Manoel do Brejo me deu o bicho de presente e vim buscá-lo!!!!
O Tomé do Bar da Palha, colocava as mãos na cabeça e ia dizendo: vixiiiiii, danou-se amigo, acabei de me livrar do danado do cabrito, pois comeu todas as rosas da minha esposa, rasgou a roupa dos meninos no varal e pedi ao Chico Boquinha, meu amigo, para levá-lo e quardar em sua casa, mas o senhor pode ir até a casa do Chico, e pedir a ele para entregar o cabrito. Chico Boquinha, era um soldado aposentado, dono de boteco, que morava na saída da cidade rumo a Belo Horizonte, o oposto do Bar da Palha.
O estrangeiro acabava rumando para o Bar do Chico Boquinha, em busca do cabrito.
Dependia muito, do dia e do humor do Chico Boquinha, a resposta ao felizardo ganhador do cabrito, das mais variadas: Larga de ser Mané sô, tem cabrito aqui não!!!! Ou : puxa, acabei de sangrar o bicho, vou fazer uma festa hoje à noite com churrasco!!!! Ou ainda: ô amigo, chegou atrasado, acabei de dar o danado do cabrito para uma pessoa que mora em São João da Chapada, tem pouco tempo, uma meia hora aproximadamente.
Certa feita, um medico pediatra, recém chegado a Diamantina, aventurou-se a receber o cabrito, fez a peregrinação rotineira e quando chegou ao Bar do Chico Boquinha, foi dizendo: boa tarde seu...seu....seu....(esquecera o nome), mas gesticulando com os dedos, abrindo e fechando, simulando uma boca abrindo e fechando. Lembrou do apelido, por analogia, e disse: senhor Francisco Boquinha, por favor, queira me entregar um cabrito de propriedade do Mané do Brejo, que esta com o senhor. O Chico Boquinha, detestava o apelido, e vendo o incauto todo de branco, logo supôs ser medico, e foi dizendo: admira-me muito o senhor Dr. , homem inteligente, letrado, cair numa galhofa destas? Ta vendo que lhe fizeram de bobo, tem cabrito nenhum aqui não, fica esperto.
Via de regra, acabava ficando o dito pelo não dito, o felizardo ganhador do cabrito nem chiava, pois se fosse tirar satisfação, acabaria piorando a situação, dando atestado de bôbo.
Um ganhador, de Felício dos Santos, após ganhar o Cabrito, foi logo ligando para a esposa e falando: meu bem, prepara o arroz de forno ai, e a churrasqueira, convide os amigos, que vamos dar uma festa hoje, ganhei um cabrito de presente. Comprou alguns metros de corda, tomou um taxi na praça e iniciou a peregrinação. Por falta de sorte, o Chico Boquinha estava em um dia aziago e foi logo estrilando, dizendo a verdade.
O sujeito ficou uma arara, procurou o Mané do Brejo por todos os becos de Diamantina, para ser ressarcido pela corrida do taxi, e obviamente, dar uns puxões de zoreia no fanfarrão.


Causo verídico, ainda acontece de vez em quando com algum incauto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário