O
Cabrito.
Em todas as
cidades do Brasil, sempre vislumbramos figuras exóticas, estranhas, populares,
fanfarronas e por ultimo, os eternos gozadores, que fazem blague com qualquer
coisa, dependendo da hora, inventam!!!
Este causo,
envolve uma trupe de desocupados, que vez por outra, fazia algum incauto andar
léguas, infrutiferamente, atrás de um cabrito imaginário.
A historia
iniciou com algum senso de realidade. Antigo morador do Bairro Presidente, nos
arredores do Hospital e Campo do Tijuco, cismou de criar bodes, cabritos etc., com
um detalhe: os animais ficavam soltos e perambulando pelas ruas do bairro, e
vez por outra, desaparecia um, sempre antes de um coletivo churrasco.
Certa feita,
por gozação, Manoel do Brejo, disse a turma do Bar Serenata, sentindo a
presença de um estrangeiro (qualquer pessoa que não fosse Diamantinense):
Gente, não sei o que fazer com um danado de um cabrito que tenho La em casa, já
comeu todas as rosas da minha esposa, rasgou a roupa das crianças que ficavam
no varal, suja o quintal todo, enfim, desfiava um rosário de lamurias e dizia
mais: pior que nem posso fazer churrasco do bicho, porque minha esposa não
deixa, tem pena do bichinho.
O
estrangeiro, observando a conversa, disse: posso lhe ajudar companheiro, caso
queira, fico com o dito animal, faço um belo churrasco do danado.
O Mané do
Brejo, com semblante aliviado e satisfeito, logo ia dizendo: é seu, que alivio
encontrar uma pessoa para doar este cabrito. Só tem um detalhe, hoje bem
cedinho, pedi ao Tomé da Palha, para guardar o bicho La no pasto dele, na saída
para Curralinho.
O
estrangeiro, agraciado com o cabrito, municiava-se de corda, e rumava para o
bar do Tomé na Palha, uns 3 quilômetros do centro da cidade. Lá chegando, ia
logo dizendo: Cadê meu cabrito? Manoel do Brejo me deu o bicho de presente e vim
buscá-lo!!!!
O Tomé do Bar
da Palha, colocava as mãos na cabeça e ia dizendo: vixiiiiii, danou-se amigo,
acabei de me livrar do danado do cabrito, pois comeu todas as rosas da minha
esposa, rasgou a roupa dos meninos no varal e pedi ao Chico Boquinha, meu
amigo, para levá-lo e quardar em sua casa, mas o senhor pode ir até a casa do
Chico, e pedir a ele para entregar o cabrito. Chico Boquinha, era um soldado
aposentado, dono de boteco, que morava na saída da cidade rumo a Belo Horizonte,
o oposto do Bar da Palha.
O estrangeiro
acabava rumando para o Bar do Chico Boquinha, em busca do cabrito.
Dependia
muito, do dia e do humor do Chico Boquinha, a resposta ao felizardo ganhador do
cabrito, das mais variadas: Larga de ser Mané sô, tem cabrito aqui não!!!! Ou :
puxa, acabei de sangrar o bicho, vou fazer uma festa hoje à noite com
churrasco!!!! Ou ainda: ô amigo, chegou atrasado, acabei de dar o danado do
cabrito para uma pessoa que mora em São João da Chapada, tem pouco tempo, uma
meia hora aproximadamente.
Certa feita,
um medico pediatra, recém chegado a Diamantina, aventurou-se a receber o
cabrito, fez a peregrinação rotineira e quando chegou ao Bar do Chico Boquinha,
foi dizendo: boa tarde seu...seu....seu....(esquecera o nome), mas gesticulando
com os dedos, abrindo e fechando, simulando uma boca abrindo e fechando.
Lembrou do apelido, por analogia, e disse: senhor Francisco Boquinha, por
favor, queira me entregar um cabrito de propriedade do Mané do Brejo, que esta
com o senhor. O Chico Boquinha, detestava o apelido, e vendo o incauto todo de
branco, logo supôs ser medico, e foi dizendo: admira-me muito o senhor Dr. ,
homem inteligente, letrado, cair numa galhofa destas? Ta vendo que lhe fizeram
de bobo, tem cabrito nenhum aqui não, fica esperto.
Via de regra,
acabava ficando o dito pelo não dito, o felizardo ganhador do cabrito nem
chiava, pois se fosse tirar satisfação, acabaria piorando a situação, dando
atestado de bôbo.
Um ganhador,
de Felício dos Santos, após ganhar o Cabrito, foi logo ligando para a esposa e
falando: meu bem, prepara o arroz de forno ai, e a churrasqueira, convide os
amigos, que vamos dar uma festa hoje, ganhei um cabrito de presente. Comprou
alguns metros de corda, tomou um taxi na praça e iniciou a peregrinação. Por
falta de sorte, o Chico Boquinha estava em um dia aziago e foi logo estrilando,
dizendo a verdade.
O sujeito
ficou uma arara, procurou o Mané do Brejo por todos os becos de Diamantina, para
ser ressarcido pela corrida do taxi, e obviamente, dar uns puxões de zoreia no
fanfarrão.
Causo
verídico, ainda acontece de vez em quando com algum incauto.
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